Não é que passar 24h/dia com a sua família seja uma ideia assustadora! Mas na realidade pode haver momentos muito caóticos. Não é nada fácil dar resposta a vários papéis em simultâneo, no mesmo local, por um período longo. Acresce o facto de ser impossível recuperar energia com uma saída com amigos, com visita a familiares e até com tempo a só.
Quanto mais novos e dependentes forem os filhos, maior é sua necessidade de atenção e a sua incapacidade para aceitar que não são o centro do universo, e maior é o stresse que se gera.
Quando tem de estar presente numa reunião de trabalho online e tem o seu filho/a, ao seu lado a chorar, a requerer atenção, não há boas escolhas e, qualquer que seja a sua escolha terá, provavelmente, de lidar com sentimentos de culpa por não estar a 100% com nenhuma das partes.
Se estiver só com as crianças será ainda mais complicado.
Avise os seus superiores e colegas que está só com os filhos e tem de gerir as crianças enquanto lida com o trabalho. Assim, quando elas interromperem as reuniões online, as pessoas vão compreender e aceitar.
Rentabilize ao máximo o tempo das sestas. Use este tempo para as suas tarefas mais importantes e que exigem maior concentração. Prepare tudo o que precisa para começar a tarefa, desligue o telemóvel e ignore as redes sociais e, durante este período produza o máximo possível. Avance na tarefa, deixe as revisões e os detalhes para mais tarde.
Equacione também realizar algum trabalho no período noturno, depois de deitar as crianças ou antes de as levantar.
Peça ajuda. Algumas escolas e autarquias têm ajudas para estas situações. Procure a ajuda de um familiar, amigo ou baby-sitter.
Se estiver com o/a seu/sua parceiro/a em teletrabalho é mais fácil organizarem-se. Avaliem as vossas agendas e alternem os tempos de atenção com as crianças. Um fica concentrado no trabalho e o outro fica, noutra divisão, com as crianças e trabalho menos exigente em termos de atenção. Retirar as crianças da proximidade do outro permite maior facilidade de concentração e avançar em tarefas com maior grau de exigência. Depois alternem. Definam com antecedência o período em que podem/querem manter estes papéis, de acordo com as vossas necessidades, ritmo de trabalho e responsabilidades.
Definam períodos de tempo ao longo do dia para estarem a 100% com as crianças e para estarem todos em família, sem trabalho e sem écrans.
Peça ajuda aos filhos mais velhos para brincarem e assistirem os irmãos mais novos.
Estejam preparados para lidar com as birras.
As birras das crianças são formas normais de lidarem com a frustração. Dar resposta à birra no sentido de dar à criança o que ela quer, na hora que ela quer, quando isso não é conveniente, impede a criança de aprender a lidar com a frustração, e ensina-a que se fizer a birra vai ter acesso imediato àquilo que quer. Deixar a criança chorar não é ser mau pai/mãe. Dependendo da idade da criança, ter uma conversa com a criança para lhe explicar as razões lógicas pelas quais não pode ter tudo o que quer, também não terá grande impacto. Nunca perca a calma durante as birras. Mantenha a sua serenidade, diga não com firmeza e deixe a criança lidar com a frustração até que ela se acalme. Muito importante é, depois de a criança se acalmar, dar-lhe atenção, conversar, brincar com ela. Reforce a capacidade dela de se acalmar. Dê-lhe muita atenção quando o comportamento é adequado e pouca atenção quando o comportamento é desadequado. Se usar esta técnica consistentemente vai ver que a criança vai demorar cada vez menos tempo a acalmar-se.
Usem a mesma técnica os dois. De nada vale que um diga não e que o outro diga sim! Aliás, este comportamento intermitente tende até a piorar a situação.
Disponibilizem brinquedos de vários tipos para as crianças brincarem e limitem-lhes o tempo de ecrã. É importante que as crianças aprendam a brincar de forma independente.
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