Um dos fatores mais perturbadores das relações interpessoais são as dificuldades de comunicação. Efetivamente existe um sem número de questões que funcionam como barreiras na compreensão daquilo que é ouvido, na emissão do que é dito e na comunicação não verbal envolvida. Barreiras à comunicação são todos as interferências que, de alguma forma, impedem a comunicação de ser eficaz e transparente em todas as ocasiões.
1. Diferenças individuais
Todos nós pensamos e acreditamos em coisas diferentes, usamos estilos de comunicação muito diferentes, tivemos experiências de vida muito distintas, temos um historial cultural específico. Estas diferenças podem ser tão grandes que impedem as pessoas de ter debates construtivos. Outras vezes, experiências diferentes impedem-nos de perceber aquilo que o outro efetivamente pretende.
2. Preconceitos, estereótipos e pressuposições
Uma característica humana muito peculiar é a nossa capacidade de pressupor. Temos determinadas ideias preconcebidas que tendemos a atribuir ao outro e nos impedem de o escutar. Fazemos isto com base naquilo que pensamos/julgamos do outro, mas também com base naquilo que habitualmente fazemos ou sentimos em situações semelhantes. Demasiadas vezes deduzimos aquilo que o outro quer dizer e como acreditamos que estamos certos, não nos damos ao trabalho de averiguar a verdadeira intenção do outro. Nunca pressuponha que percebeu tudo nem que foi totalmente compreendido
3. Incompetência de escutar
Pressões de tempo e sobrecarga de informação podem levar os interlocutores a simplificar ou a resumir de forma pouca discriminatória, correndo o risco de perder informação importante. Podemos estar demasiado preocupados com alguma coisa ou distraídos e não prestamos muita atenção àquilo que o outro diz. Nestes casos, acabamos por ter informação incompleta e normalmente “inventamos” a informação necessária para completar aquela que ouvimos.
4. Emissor pouco credível
Quando acreditamos que o emissor não é uma pessoa de confiança, ou achamos que ele não tem muita informação sobre o assunto, acabamos por não valorizar aquilo que ele diz e prestamos menos atenção.
5. Problemas de utilização do código
Muitas vezes as mesmas palavras têm vários significados, outras vezes usamos palavras técnicas cujo significado pode não ser entendido pelos outros.
6. Estado emocional
O estado emocional dos interlocutores pode determinar a sua capacidade de atenção, reduzir a quantidade de informação recolhida e provocar reações inesperadas altamente perturbadoras da comunicação. Quando alguém nos diz algo que nos perturba, tendemos a sentir como se estivéssemos a ser alvo de um ataque e a reagir como se se tratasse de uma batalha. Na verdade, a dor que sentimos não é provocada pelo comentário em si, ela é provocada por nós próprios, somos nós que decidimos a nossa resposta. Os outros não nos perturbam, nós é que nos perturbamos!
7. Falta de preparação do comunicador
Comunicadores que desconhecem as regras e as barreiras de comunicação são mais suscetíveis de falhar na comunicação.
8. Distorções cognitivas
Por vezes, algo nos corre mal e acabamos por ver tudo negro à nossa volta. Podemos estar a selecionar, interpretar, generalizar eventos e a interpretar daquilo que nos dizem de forma negativa, simplesmente porque o nosso mindset está negativo.
Muitas outras barreiras poderiam aqui ser mencionadas, mas estas parecem-me uma amostra significativa. Com vista a reduzir os efeitos da “descomunicação” deixo-te aqui duas técnicas que podem ajudar muito na hora de comunicar de forma clara e objetiva.
Confirmar a informação
Perante as imensas barreiras que foram mencionadas, é fácil perceber a importância de confirmar a informação.
Confirmar a mensagem que recebeu é, como é óbvio, garantir que não assume que percebeu e permite minimizar os riscos de recolher informação errada ou incompleta.
Pedir feedback em relação à informação que forneceu é exatamente o processo inverso de garantir que foi compreendido.
Assertividade
Especialmente em situações de comunicação difíceis, suscetíveis de interpretações erróneas e passíveis de desencadear emoções perturbadoras é sempre uma boa estratégia usar uma conversa em estilo Assertivo.
Tal como as outras competências, também a assertividade se pode treinar. Uma técnica simples, mas eficaz será seguir a Técnica DEEC.
Descrever os factos de forma precisa e objetiva. Atenção que aquilo que se pretende é que nos pronunciemos sobre os dados concretos da situação, aquilo que é observável para todos. Não nos interessa fazer observações relativas à personalidade do outro, fazer juízos de valor sobre o seu comportamento, censurá-lo ou criticá-lo. Podemos iniciar a frase com expressões do tipo “Vejo que…”, “Observo que…”, “Verifico que…”
Expressar aquilo que pensamos e/ou sentimos em relação aos factos. Mais uma vez não nos interessa personalizar no outro, mas sim em nós próprios e nos factos. Podemos começar com “Eu sinto-me…”, “Eu penso que…”, “Eu acho que…”
Especificar, propor uma forma realista de modificar o comportamento. Devemos aqui especificar aquilo que queremos mudar para resolver o problema. Podemos iniciar esta fase começando com uma expressão do tipo “Gostaria que…” ou “Peço-lhe que…”
Finalmente devemos indicar qual a consequência positiva da mudança que propomos, de preferência devemos indicar as consequências positivas para o outro ou para nós (para mim e para ele), em vez de mostrarmos as consequências para mim próprio. Podemos usar a expressão “para que…” ou “porque…”
A atitude assertiva ou de autoafirmação tende a reduzir as tensões inter-individuais. O indivíduo assertivo mantém o seu equilíbrio psicológico e favorece o bom clima, quer no trabalho, quer com a família ou os amigos.
E tu, que estratégias de comunicação usas?
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