Até há muito pouco tempo tivemos dificuldade em compreender o que é o amor, tentámos educar os nossos jovens no princípio de que é importante serem fortes, autónomos e independentes, especialmente as mulheres, que durante muitos séculos sofreram da dependência económica dos maridos.
Assim sendo, homens e mulheres aprendem cedo que pedir apoio ou conforto emocional é sinal de fraqueza, que ser vulnerável é como ser uma criança patética, que ser emocionalmente dependente de outra pessoa é uma fragilidade.
Contudo nós somos seres sociais, as nossas experiências de vida são essencialmente emocionais e a qualidade da nossa vida mental fica seriamente em risco sempre que nos sentimos isolados.
Efetivamente a nossa necessidade de conexão com outro(s) significativo(s) não se restringe à nossa infância, está inscrita no nosso cérebro como uma necessidade básica, essencial à nossa sobrevivência. Não fomos feitos para estarmos sós. Todos precisamos de um porto de abrigo, de alguém que esteja lá para nos apoiar quando precisarmos. Quanto mais seguros estamos desse apoio, mais fortes, autossuficientes e independentes podemos ser. Quando sabemos que não estamos sozinhos, somos mais saudáveis e mais autónomos, temos maior autoconfiança para enfrentar o mundo e realizar as nossas próprias conquistas. Hoje sabemos que o mais fortes que podemos ser é conectados de forma segura com alguém significativo.
Em termos de relações de casal, encontramos parceiros tão distantes um do outro que vivem em mundos completamente separados. No outro extremo, encontramos relações tão dependentes que o mundo de ambos se confunde. Numa relação saudável e segura há uma interdependência em que cada uma das partes é capaz de dar e receber conforto de acordo com as necessidades de cada um.
Quando surge dificuldade em compreender e exprimir as emoções, a relação começa a tornar-se muito distorcida, as discussões começam a ser frequentes, cada um interpreta o comportamento do outro à sua maneira, faz deduções erróneas sobre as intenções do outro, e as discussões prolongam-se durante anos, em circuitos fechados que remoem sempre sobre os mesmos assuntos.
Mas a conversa importante é sistematicamente negada ou ignorada.
Quando um membro do casal grita com o outro porque o jantar ainda não está pronto, o que ele/a quer realmente dizer é que “tu não te preocupas com o que eu sinto, não me ouves, não sou importante para ti, não me sinto apoiado/a nem amado/a, logo não me sinto seguro ou conectado nesta relação”. Este discurso da vulnerabilidade é difícil, porque expõe as nossas emoções, e cria a possibilidade de não sermos aceites ou de confirmarmos que realmente não somos amados.
Todas as discussões de casal, qualquer que seja o seu assunto, são sempre uma tentativa de obter resposta à questão: “estás aí para mim se eu precisar?” “eu sou importante para ti?” mas como a mensagem não é clara, o outro acaba apenas por se sentir criticado, jogar à defesa ou retirar-se.
Estes ciclos negativos são tão fortes que inclusivamente se repetem em relações sucessivas, porque é aquilo que se aprendeu a fazer.
Ser vulnerável pode ser aterrador, sai fora dos padrões que que nos são familiares, mas pode ser o preço da felicidade!
Já é hora de aprendermos a dar valor à nossa inteligência emocional, compreender as nossas emoções, regulá-las e influenciar positivamente aqueles que nos rodeiam, em especial aqueles que são mais significativos para nós.
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