Sente que o/a seu/sua parceiro/a não compreende as suas emoções, não escuta as suas necessidades e reclama do seu comportamento, com criticismo ou de forma passivo-agressiva?
Lembra-se de um momento em que você se sentiu realmente escutado/a, compreendido/a e aceite? Qual foi a sensação de ser visto/a como você realmente é? Como é a sensação de se sentir valorizado/a, importante e especial?
Como seria uma relação de casal onde você pudesse sentir isto todos os dias?
O psicólogo Carl Rogers disse: “Quando alguém realmente o ouve sem julgamentos, sem tentar assumir a responsabilidade por si, sem tentar moldá-lo, isso é maravilhoso!”
Uma das nossas necessidades mais básicas como seres humanos é sentirmo-nos compreendidos, aceites tal como somos e conectados. E isto não é possível sem empatia.
Quando os nossos pares estão felizes é fácil criar e manter empatia com eles. Quando os nossos pares estão inundados por emoções desagradáveis, tal como a mágoa, o medo, a frustração ou a tristeza e se dirigem a nós com criticismo, agressividade ou nos ignoram é mais comum sermos afetados pelo mesmo tipo de emoções e responder com comunicação defensiva, contra-atacar ou afastarmo-nos e criar ressentimentos.
Outras vezes somos levados a entrar em simpatia com eles dizendo coisas como “podia ser pior”, “acho que devias...”, “se fosse eu…” Este tipo de resposta não ajuda, pelo contrário, invalida a outra pessoa. Quando tentamos minimizar ou "consertar" os sentimentos do outro, acabamos por originar ressentimentos porque os fazemos achar que não é legítimo sentirem-se assim.
Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele. (Carl Rogers)
Empatia é a vontade de compreender e aceitar a experiência e as emoções do seu par, é procurar entender como é que contribuímos para aquilo que ele está a sentir. Em situações de conflito torna-se ainda mais difícil criar esta experiência de empatia. Ter empatia pelo seu par quando a mágoa dele é o resultado de algo que você disse ou fez, sem entrar em modo de defesa, requer bom desenvolvimento emocional, habilidade e prática.
Contudo, casais que dominam a competência da empatia dizem que "é como se se tivesse feito luz no seu relacionamento" e os seus ciclos de conflito mudam completamente. Isso acontece porque os parceiros param de defender as suas posições e de atacar o outro e, em vez disso, procuram simplesmente compreender e aceitar o outro. Eles se transformam numa equipa unida contra o conflito.
Aqui estão quatro competências para melhorar a sua capacidade e a sua vontade de criar empatia.
1. Escutar, sem julgar
A empatia só é possível quando você remove todas as ideias preconcebidas, todas as deduções, culpabilizações e julgamentos sobre os sentimentos e necessidades do seu par. Quando você presume o significado ou a causa dos sentimentos e comportamentos do seu par é provável que o esteja a culpar ou a julgar. Este julgamento da experiência do outro é uma tentativa de se proteger ou defender a si próprio/a.
Se o seu par diz: “quando eu digo alguma coisa e tu reviras os olhos, eu sinto-me incompetente, totalmente desvalorizado/a” e você responde: “isso não faz sentido, nunca tive essa intenção”, você realmente está a desvalorizar os sentimentos do outro, a julgá-lo e a defender-se a si próprio/a.
Para escutar de forma empática, poderia dizer: “sentes-te desvalorizado/a porque pensas que não és importante para mim?”
Ter empatia com seu par exige foco total na mensagem, pratique a arte de escutar não defensivamente e concentre-se em ser curioso e perguntar sobre os sentimentos do outro.
2. Identificar as emoções
No calor da discussão os casais normalmente ficam inundados em emoções fortes que os impedem de se distanciar da situação e dar a resposta adequada. Frequentemente estas discussões acabam por se tornar numa autêntica competição para ver quem ganha mais pontos. É aqui que os casais ficam presos, quando na realidade a verdadeira questão normalmente não tem a ver com o tema do assunto, mas com as emoções que esse assunto despertou.
É impossível criar empatia no calor da discussão, tal como é impossível criar empatia usando argumentos racionais. A empatia precisa de envolvimento emocional e vulnerabilidade para identificar as emoções que criaram o conflito e precisa de serenidade suficiente para poder aceder a essas emoções sem se sentir inundado.
3. Sintonizar. Aceder ao “buraco”
Frequentemente as pessoas referem-se à sua dor como um vazio ou como sentindo-se sós, mesmo quando estão rodeadas de outras pessoas, para se referirem à ideia de que sentem que ninguém as pode compreender. Como se estivessem sozinhas num buraco vazio.
Para criar empatia com o seu par, você precisa de entrar no “buraco” com ele, escutar a experiência dele, sentir a dor dele e aceitar a perspetiva dele, sobretudo quando esta experiência e perspetiva é diferente da sua. Para se sintonizar com os sentimentos difíceis do seu par, você precisa de se conectar com esse sentimento dentro de si.
Faça perguntas para saber o que o outro está a sentir, faça perguntas que vos ajudem ambos a compreender porque ele/a se sente assim.
4. Reformular e validar
Criar empatia significa também mostrar que compreende, pelo que é sempre necessário, exprimir o que percebeu, usando os mesmos termos que escutou, mais uma vez, sem fazer deduções nem julgamentos.
Mas empatia implica também aceitar o que o outro sente, e para isso deve validar a experiência do outro exprimindo que respeita a perspetiva e os sentimentos dele/a, referindo que são naturais e válidos, mesmo que sejam diferentes dos seus.
Para validar o outro, você pode dizer: "Faz sentido para mim que tu me queiras em casa mais noites da semana.” ou "É claro que sentes ..." ou "Como poderias não sentir..."
Validar a perspetiva do seu par não exige que abandone a sua. A empatia mostra que entende as razões dos sentimentos e necessidades dele/a, independentemente das suas.
Por trás de cada crítica ou reclamação do seu par existe uma forte necessidade de aproximação, de ser escutado, de obter atenção. Quando você percebe isto, torna-se muito mais fácil fazer a escolha de ser empático em vez de levar a reclamação para o lado pessoal e se defender.
Ser empático não é uma competência fácil, exige serenidade, vontade e treino, exige também a coragem de se permitir ser vulnerável, explorar as experiências pessoais interiores e lidar com emoções difíceis. Mas, em vez de tentar mudar ou consertar os sentimentos da pessoa que você ama, concentre-se em se conectar com ela.
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