É um lugar comum dizer-se que somos seres sociais. Também é comum ouvir-se o elogio da independência e da autonomia! Por um lado, é aceite que não somos felizes isolados, que precisamos do suporte da família e dos amigos para mantermos estabilidade emocional. Por outro lado, é vulgarmente elogiada a nossa independência como modelo de maturidade emocional. Afinal em que ficamos?
Precisamos de ligações significativas ou não? Atingir um determinado grau de desenvolvimento emocional significa que podemos ser felizes sem um outro significativo?
Procurar e manter relações com outros significativos é uma necessidade básica humana que se mantém ao longo de toda a vida. A dependência é uma característica inata que não diminui com a idade ou a maturidade emocional. O medo de solidão e da perda é real e perturbador do bem-estar psicológico.
Não existe independência total, todos precisamos de alguém para partilhar as nossas experiências e emoções, sejam elas boas ou más, alguém que nos apoie e nos desafie, alguém que nos escute e nos dê amor. Esse “alguém” é o nosso outro significativo. Podemos encontrar essa(s) pessoa(s) entre o nosso núcleo de amigos ou na nossa família de origem mas, de forma geral, todos nós procuramos, em alguma fase da nossa vida, constituir a nossa família nuclear. É claro que não é absolutamente obrigatório para a nossa felicidade constituir uma vida de casal, desde que tenhamos alguém que, em certa medida seja significativo para nós e preencha essas necessidades de vinculação.
Contudo, a relação de casal é aquela que melhor dá resposta às nossas necessidades de constituir família, criar vínculos significativos, obter o apoio e o amor que precisamos. Este é o cenário ideal para criar uma dependência segura, construtiva e eficaz que facilita a nossa autonomia e autoconfiança e nos traz sentido de pertença. É este suporte emocional que nos permite assumir riscos, enfrentar desafios, ultrapassar obstáculos e criar novas experiências de felicidade.
Quanto mais seguros e conectados estamos, mais “separados” e autónomos podemos ser!
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