Se perguntarmos às pessoas qual a causa do seu divórcio ou separação, obtemos geralmente respostas do tipo: “tínhamos feitios muito diferentes”, “tínhamos ambições muito distintas”, “infidelidade”, “não eramos felizes”… mas provavelmente a razão mais enunciada, é a “perda do amor”.
Muitas vezes o amor é visto como uma entidade independente, como um parente próximo que às vezes, inesperadamente, aparece para ficar a dormir e de repente vai-se embora sem pré-aviso!
A maioria das pessoas vê as relações de casal como projetos a dois que se baseiam na existência de emoções positivas inerentes, ou seja, enquanto predominam as experiências agradáveis, a concordância e o alinhamento, as coisas correm bem. Quando começam a existir persistentemente contrariedades, opiniões divergentes ou emoções desagradáveis, começam a instalar-se inseguranças, angústias, frustrações e conflitos, e estas interações negativas levam à redução das emoções positivas como o amor, a confiança, a o afeto. Como se as contrariedades fossem progressivamente corroendo o amor.
Se pensarmos nas relações de amor de parentalidade, por exemplo, podemos ver como isso é errado. Por mais problemas que os nossos filhos nos tragam, por mais discussões que possamos ter com eles, raramente pomos em causa esse amor! Também podemos observar casais que mantêm relações longas e saudáveis que passaram por muitos problemas e conseguiram, não só manter, mas até fortalecer as suas relações.
Então o que está verdadeiramente na origem das separações e divórcios?
Não são as nossas diferenças, nem os nossos problemas que acabam com o amor, mas sim a forma como lidamos com essas diferenças e problemas.
O que verdadeiramente corrompe a relação de casal é a ausência emocional e a incapacidade de responder às necessidades emocionais do outro. A falta de disponibilidade para ser vulnerável, para falar das minhas necessidades, para escutar, compreender e aceitar as emoções do outro, são os motivos pelos quais as emoções negativas não têm eco e não são ultrapassáveis.
As discussões dos casais raramente são sobre este tema, sobre as emoções que sentem, a sua origem e significado, normalmente os conflitos são consequência dessas emoções e impulsionadas por elas.
Desta perspetiva, o amor não é uma entidade que vem e vai, o amor é mais como uma planta que tem de se cuidar, proteger das intempéries, alimentar, podar, e ajudar a crescer, para dar frutos.
Não são as contrariedades que desgastam o amor, é a ausência de interação emocional construtiva ou eficaz que impossibilita as emoções positivas de confiança, amizade, ternura e amor.
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